segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dores de cabeça constantes podem ser causadas por problemas bucais?

Se você sente dores de cabeça com frequência e já procurou ajuda em neurologistas, oftalmologistas, otorrinos e ainda não encontrou uma solução, procure a ajuda de um cirurgião-dentista para examinar suas ATMs (articulações temporomandibulares) e verificar se existe alguma disfunção.
Essa articulaçao está presente bilateralmente em nosso rosto, frente a cada orelha e articula a mandíbula com o crânio. É responsável pelos movimentos da boca assim como: abertura, fechamento, movimentos laterais, mastigação, deglutição, fala e movimentos de expressão facial.
A disfunção da ATM (DTM), é uma doença pouco conhecida. Inclui lesões causadas por hábitos nocivos, e repetitivos, tais como: mascar chicletes, roer unhas, apertar os dentes, morder lábios, macro e micro traumas, má postura de cabeça, má postura no trabalho, qualidade do sono deficiente, excesso de cafeína, pouca ingestão de água, sedentarismo, dor e bruxismo (ranger dos dentes). Como os sintomas são muito subjetivos e podem estar ligados a outros problemas médicos (depressão, problemas otológicos ou reumatológicos), o dentista muitas vezes é o último profissional da saúde a ser procurado e pela demora em buscar o tratamento adequado, a doença se torna crônica.
Os principais sintomas da DTM são:

» Dor de cabeça relacionada com o desequilíbrio dos músculos da mastigação.

» Dificuldade em abrir a boca

» Abertura de boca limitada.

» Dor de ouvido e nas áreas próximas.

» Dor e pressão atrás dos olhos.

» Estalos ou sensação de desconforto ao abrir e/ou ao fechar a boca.

» Dor ao bocejar, ao abrir a boca e ao mastigar.

» Travamento de boca aberta e/ou fechada.

» Fadiga dos músculos da mastigação e/ou uma brusca mudança repentina no modo de encaixar os dentes.

» Bruxismo (ranger dos dentes).

» Alguns tipos de zumbido.

Os tratamentos das Disfunções da ATM são diversos consiste na eliminação dos fatores que podem estar contribuindo e de manutenção da dor, assim eliminando a sua dor e vai desde a terapia de pontos gatilhos na musculatura da ATM, comportamental cognitivo, terapia muscular e em alguns casos pode ser necessária a utilização de uma placa estabilizadora ou reposicionadora entre outros.
A placa estabilizadora é um dispositivo interoclusal (encaixa nos dentes superiores) rígido e removível, onde é importante salientar que deve ser RÍGIDA (dura), confeccionada em acrílico, não podendo ser MACIA (de silicone), pois esta aumenta a parafunção do paciente, piorando assim, o seu quadro clínico, levando o paciente perpetuar a sua disfunção da ATM, recidivando frequentemente os sintomas.
A placa estabilizadora necessita de ajustes sucessivos e contínuos, devolvendo contatos bilaterais e simultâneos.
Veja um exemplo de uma placa de mordida:


As finalidades da placa estabilizadora são:

- Distribuição das forças oclusais (da mastigação),

- Promover estabilidade oclusal,

- Proteger os dentes de cargas que venham a ser traumáticas, reduzir desgaste dental nos pacientes que rangem os dentes a noite (bruxismo),

- Estabilizar os dentes que não possuem os seus antagonistas.

Juntamente com a placa miorrelaxante, pode-se associar o uso de relaxantes musculares e fisioterapia com exercícios e calor.
Não devemos encarar a dor como fazendo parte de nossa rotina diária, pois assim estaremos encarando-a como normal. Todos nós um dia tivemos dor e sabemos o quanto é ruim esse sintoma e sendo esse diário, é pior ainda, pois diminui a nossa qualidade de vida.
Após a eliminação da sintomatologia dolorosa e estabilização da oclusão, pode-se iniciar o tratamento ortodôntico para correção de maloclusões existentes.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Chega de chupeta!!!!

Basta ouvir o chorinho do bebê para a mamãe ir correndo encontrar a chupeta para tentar acalmá-lo. E na grande maioria das vezes acaba funcionando. Porém, existem outras maneiras de acalmá-lo que não trazem tantos prejuízos ao desenvolvimento facial e mastigatório do bebê. como a chupeta.
O bebê tem uma necessidade constante de sugar, que é satisfeita quando ele amamenta no peito da mãe. Quando o peito está muito cheio de leite, o bebê mama sem precisar fazer esforço, o que acaba por saciar a fome, mas não  a vontade de sugar. Se isso acontece, o bebê  chora e só se acalma quando a mamãe oferece uma chupeta, que satisfaz a sua necessidade de sucção. Entretanto, existe outra forma de satisfazê-lo sem causar os prejuízos que a chupeta traz. Pois bem: quando a mamãe sentir sua mama cheia, o ideal é ordenhar, retirar um pouco de leite do peito para que o bebê tenha que sugar com mais esforço, satisfazendo assim a fome e a necessidade de sugar.
Para bebês que não amamentam, existem alguns copos de bico com válvulas que, para a retirada do leite, necessitam do esforço do bebê. Não use mamadeiras, pois prejudicam o bebê da mesma forma que a chupeta.
Temos que lembrar que a única maneira do bebê se comunicar é através do choro. Qualquer situação que o incomode vai levá-lo ao choro, como quando está sujo, com fome, com sede, com sono, quando quer carinho ou mesmo quando está feliz. O melhor é que a mamãe tenha paciência para descobrir o que seu bebê quer e não simplesmente oferecer uma chupeta que o deixará quieto por alguns instantes e não satisfará a sua necessidade de verdade.
“O uso da chupeta pode acarretar o desmame precoce. O bebê pode deixar de sugar o peito por causa da chupeta. Isso acontece porque a posição da língua na amamentação é diferente da posição de quando se suga a chupeta. Como sugar a chupeta é mais fácil, na hora da amamentação o bebê colocará a língua na posição da sucção da chupeta e não conseguirá retirar o leite, chorando de fome e rejeitando o peito”, explica a fonoaudióloga Jamile Elias.
Nesse momento, as conseqüências já começam. O leite do peito é o melhor alimento para o seu bebê, contém todos os nutrientes necessários além de ser uma “vacina” (ajuda na formação do sistema de defesa do bebê). Se o bebê recusa o peito, sua defesa estará em baixa, acarretando em doenças respiratórias e alergênicas e o bebê poderá não receber todos os nutrientes que precisa para seu desenvolvimento e crescimento.
A sucção da chupeta deixa os músculos das bochechas, lábios e língua flácidos, sem força. Isso trará prejuízos na mastigação e deglutição. A criança não conseguirá mastigar os alimentos mais consistentes, tendo que a mamãe amassar bem os alimentos ou bater tudo no liquidificador, e isso não é nada bom.
O desenvolvimento da fala também será afetado já que a criança não terá força na musculatura para executar alguns sons. Um exemplo clássico é o personagem dos quadrinhos Cebolinha, que troca o “R” pelo “L”.
Outra conseqüência que a chupeta traz é a alteração da arcada dentária como a mordida aberta e a mordida cruzada. A criança fica com os dentes tortos e com a face desarmônica, isto é, um lado do rosto diferente do outro, contribuindo ainda mais para a dificuldade de mastigar, deglutir e falar. Veja uma foto de uma mordida aberta causada por chupeta:


Mais problemas – O simples uso da chupeta pode trazer outros malefícios à criança futuramente. A respiração é outra função que também se altera. O uso da chupeta faz com que a criança respire pela boca. A respiração oral ocasiona alteração de postura, sono agitado, com ronco, deixando a criança cansada, sem vontade de brincar, desatenta, contribuindo assim para dificuldades escolares.
Antes de oferecer a chupeta, as mamães devem pensar nas conseqüências que isso trará para o seu pequeno. Será que seu filho irá gostar de ter os dentes tortos e precisar de aparelho dentário? Irá se sentir bem com os amiguinhos zombando dele por não saber falar direito e não conseguir brincar por causa da respiração oral? Ficará contente se ficar para recuperação e perder as férias? Claro que não. A pergunta que fica: depois de tudo isso, vale a pensa usar chupeta?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Aparelho dentário é vice-campeão de denúncias no Conselho de Odontologia

Quando tinha sete anos, Bruna Arkalji começou um tratamento ortodôntico. Ficou com o sorriso alinhado e teve alta. Mas foi só tirar o aparelho que os dentes voltaram a entortar. Procurou outro ortodontista, a história se repetiu. E de novo.
"Passei por três dentistas e, ao todo, usei aparelho por quase 18 anos, de todos os tipos: fixo, removível, estético", conta a empresária, hoje com 30 anos. Para corrigir o sorriso e se livrar de dores na mandíbula, ela recorreu a um cirurgião, que lhe indicou mais um especialista. Bruna só conseguiu solucionar a questão com o novo tratamento ortodôntico, dessa vez combinado à cirurgia.
A história de Bruna é desagradável, e cada vez mais comum. "Está aumentando tremendamente o número de pacientes que se submetem a tratamento ortodôntico e não obtêm o resultado desejado", diz o ortodontista Kurt Faltin Júnior, membro executivo da World Federation of Orthodontists. Ele afirma que 30% de seus pacientes, hoje, são pessoas que já se submeteram ao uso de aparelho nos dentes e não ficaram satisfeitas.
Faltin diz que os pedidos de retratamento ortodôntico aumentaram muito nos últimos cinco anos. "A maior queixa é a questão estética, mas há casos em que a pessoa nem consegue mastigar direito", diz. A correção dos dentes fica mais difícil, depois de já ter sido feito um tratamento errado.
No Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp), as denúncias de erros com tratamentos ortodônticos só perdem para os problemas com implantes, segundo o conselheiro Marco Antonio Rocco. Ele ressalva, porém, que fatores como mudanças fisiológicas e envelhecimento podem obrigar a pessoa a repetir um tratamento, mesmo que tudo tenha sido feito corretamente na primeira vez.
Proliferação de cursos
Para o presidente da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (Abor), Ronaldo da Veiga Jardim, grande parte dos problemas é decorrência da má formação profissional. Segundo ele, há uma proliferação de cursos de ortodontia, mas a maioria tem carga horária insuficiente e não oferece treinamento adequado. "Nos Estados Unidos há atualmente 65 cursos de especialização em ortodontia, no Brasil são mais de 500, sendo que apenas 22 têm mais de 2.000 horas-aula", compara.
A World Federation of Orthodontists recomenda 3.000 horas de curso. No Brasil, uma resolução do Ministério da Educação exige apenas 360 horas de aula para a especialização. "Além de não ter a carga horária necessária, muitos dos cursos aqui não oferecem programa completo, e falta ainda o atendimento clínico necessário para o profissional adquirir os conhecimentos básicos", afirma Faltin.
A preocupação com o aumento de problemas envolvendo tratamentos ortodônticos levou a Abor a promover uma campanha, com distribuição de panfletos em shoppings das principais capitais do país, alertando o público sobre o fato de o uso de aparelhos ir além da questão estética. Mais do que um sorriso bonito, o tratamento deve garantir boa mastigação e oclusão dos dentes e resultar em harmonia facial.
"O que nos motivou foi o excesso de tratamentos mal executados e de gente fazendo retratamentos. O tratamento errado pode provocar alterações musculares na face, perda de dentes e até dores de cabeça por sobrecarga nas articulações", alerta Jardim.
O paciente pode consultar o Crosp (www.crosp.org.br) para conferir se o dentista é especialista em ortodontia ou ortopedia facial.
Fonte: Folha de S. Paulo - Renata Mastromauro - 20/04/2010